Diretor de Pentiment recomenda leituras sobre a história do fim da era medieval

Quando Pentiment chegar em 15 de novembro, ele vai permitir explorar um dos mundos mais únicos do ano em videogame. Ao assumir do papel de Andreas Maler, um artista trabalhando no Mosteiro Kiersau próximo à cidade de Tassing na alta Bavaria, você vai viver nesse mundo do começo da era moderna do século 16 por um período de 25 anos. O ponta pé inicial dessa aventura narrativa é o assassinato de um nobre que o seu amigo, Irmão Pietro, é acusado de cometer. Cabe a você provar a inocência dele.

Enquanto se prepara para a aventura, você terá a oportunidade de escolher entre uma série de características educacionais e estilos de vida que vão definir Andreas, e que vão afetar as muitas opções que lhe serão dadas nas interações por diálogos do jogo. De Hedonista a Ocultista, passando por medicina ou teólogo, e até onde ele viajou em seus anos dourados, você terá uma variedade de escolhas para estabelecer a origem e conhecimento de Andreas que vão ajudar na imersão do mundo do jogo.

A ambientação de Pentiment é inspirada por uma mistura de trabalhos de ficção e não ficção que compartilhamos com você hoje, e que foram recomendadas pessoalmente pelo diretor do jogo, Josh Sawyer. Cada um desses livros pode dar um discernimento maior em como o Estado e as crenças religiosas se confrontaram no período de Pentiment, como as pessoas podem mudar com o tempo, a vida do povo no período do fim da era medieval, e como a educação e literatura podem te deixar em uma cilada com a Igreja – muitos desses elementos e temas vão ser abordados quando for jogar Pentiment.

“Dürer’s Journeys: Travels of a Renaissance Artist”

Autores: Susan Foister e Peter van den Brink

Josh Sawer: “uma maravilhosa compilação de ensaios que exploram as viagens do artista Albrecht Dürer no século 16 e o impacto que essas viagens tiveram na vida dele. Dürer guardou muitos diários de viagens e eles esclareceram o que ele pensava sobre artes, pessoas que viviam na mesma época, outras culturas, e as muitas mudanças que aconteceram de forma bem rápida em sua terra natal. O livro também possui muitas ilustrações, tanto de Dürer quando de outros artistas europeus do período”.

“The Faithful Executioner: Life and Death, Honor and Shame in the Turbulent Sixteenth Century”

Autror: Joel F. Harrington

Josh Sawer: “As fascinantes micro histórias mostram a vida de um único executor, Franz Schmidt, que viveu na segunda metade do século 16 na Bavaria. O pai de Schmidt foi forçado a virar executor por causa de uma guinada cruel e chocante do destino. Uma vez que a família entrou nesse ramo, eles se viram presos, sendo impossível sair dessa vida por causa da vergonha associada a profissão. Franz teve um diário meticuloso – algo raro, senão único entre executores – que revela um nível de profissionalismo e piedade poucos comuns, assim como um desejo de toda uma vida para resgatar a honra da família. O livro também dá uma visão interessante sobre a consolidação do poder de executar a justiça sob o Estado – a crença de que o Estado tem o poder de fazer justiça usando seu agente vilanizado, o executor”

“O Retorno de Martin Guerre”

Autora: Natalie Zemon Davis

Josh Sawyer: “Zemon Davis escreveu esse livro após ser consultora de um filme baseado no histórico caso que acontece no século 16, Le Retour de Martin Guerre. É uma história maluca, mas verdadeira, de um jovem da cidade basca de Hendaye, que desapareceu por oito anos e voltou uma pessoa completamente diferente. Depois de voltar a viver com a esposa, filho e parentes próximos, muito fatos começaram a aparecer que botaram em cheque a verdadeira identidade dele. Isso resultou em um processo judicial que o jurista Jean Coras gravou para a posteridade. É uma leitura breve e o filme também vale a pena assistir”.

“Peasant Fires: The Drummer of Niklashausen”

Autor: Richard Wunderli

Josh Sawyer: “Embora seja antes da famosa revolta popular do começo do século 16 na Suábia, a pequena revolta de 1476 em Niklashausen não deixa de ser interessante. Um fazendeiro chamado Böhm disse que teve visões da virgem Maria, e ela disse que o povo precisava derrubar o clero corrupto. O ambiente festivo do Carnaval deu coragem a população, que largou o trabalho e foi para Niklashausen para ouvir o visionário. Vocês já perceberam que isso não terminou bem pra eles, mas é uma visão interessante de uma comunidade que foi virada do avesso por um líder carismático”

“O Queijo e os Vermes”

Autor: Carlo Ginzburg

Josh Sawyer: “Ginzburg foi um dos primeiros historiadores a começar a popularizar micro exames históricos do que poderia ser classificado hoje como “carinhas estranhos”. O carinha em questão, um moleiro friuliano chamado Domenico Scandella (vulgo Menocchio), era certamente muito estranho. Ele aprendeu a ler em uma escolha criada em sua região com o propósito de educação livre pública. Ele usou essa alfabetização para ler uma ampla variedade de livros que contribuíram para sua formação de cosmólogo extremamente não ortodoxo – tão fora do comum que alguns (como a Inquisição) poderiam considerar heresia. No centro disso tudo estava sua crença de que todos os elementos combinados criavam uma massa tipo queijo da qual aparecem vermes. Os vermes comiam o queijo, um deles se torna Deus, e o resto é história. Assim como Hans Böhm, as coisas não deram muito certo para Menocchio, muito porque ele não conseguia fechar a boca sobre suas crenças. É um livro fantástico”.

“O Nome da Rosa”

Autor: Umberto Eco

Josh Sawyer: “Já estabelecido como especialista da era Medieval e da semiótica, Eco decidiu escrever ficção aos 48 anos, um período em que ele disse que você ‘ou foge com uma bailarina cubana e abandona a família ou escreve um romance’. Ele começou com uma lista de nomes – nomes de monges. Quando ele terminou, ele tinha criado ‘um mistério de assassinato ambientado em um monastério italiano do século 14 durante um tenso debate entre a Cúria Romana e os Franciscanos sobre pobreza apostólica’. O Nome da Rose consegue ser um mistério que te prende e é cheio de personagens interessantes enquanto dá uma luz ao contexto histórico com muitos detalhes. Apesar do seu uso extensivo de pesquisa histórica, Eco escolheu criar sua narrativa em um mosteiro fictício e sem nome, o que deu a ele a liberdade de criar o labyrinthine Aedificium, que continha mais livros do que qualquer biblioteca cristã. É um romance fantástico (e meu favorito), e uma grande inspiração para Pentiment que eu recomendo fortemente”.

Esperamos que essa lista tenha animado vocês para adentrar o mundo de Pentiment, assim como a história e literatura medieval.

Pentiment será lançado em 15 de novembro para Xbox Series X|S, Xbox One, Windows 10/11 e Steam.  O jogo também vai estar disponível no lançamento no Xbox Game Pass e PC Game Pass.